Bullying escolar: 10 sinais de que seu filho pode ser uma vítima

Bullying escolar: 10 sinais de que seu filho pode ser uma vítima
14 minutos para ler

O termo bullying vem do inglês “bully”, que significa “valentão”. É um problema comum: segundo um levantamento feito pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 18 países, o percentual de crianças e jovens que já foram vítimas é de 29% a 46%. Normalmente, a situação ocorre no ambiente de ensino, no chamado bullying escolar.

Esse conceito corresponde a diferentes formas de agressões físicas e/ou psicológicas feitas por um ou mais agressores à sua vítima. Os pais e a escola precisam estar atentos desde as formas iniciais do problema, como apelidos e brincadeiras maldosas, chegando até os casos mais sérios, como xingamentos e ataques físicos.

Nenhuma criança ou jovem deve ser exposto a esse tipo de intimidação, pois as consequências são sérias e podem percorrer até a vida adulta. Portanto, continue a leitura para saber como identificar o bullying, preveni-lo e reagir ao problema!

Quais são os sintomas do bullying na escola?

É comum que crianças e jovens que sofrem bullying não falem sobre a situação. Por isso, é imprescindível que os responsáveis estejam atentos aos sinais indiretos da agressão. Confira, a partir de agora, algumas das características principais.

1. Desinteresse pela escola

Um dos primeiros sintomas externos é a falta de interesse escolar. A criança passa a fazer birras para ficar em casa. Ela apresenta, também, medo do ambiente de ensino e não deseja ir sozinha para a escola. Talvez ela diga que não gosta do professor ou não entende a matéria. Porém, isso pode ocorrer porque sabe que encontrará seus agressores e tenta ao máximo evitar esse confronto.

2. Machucados e hematomas constantes

Aparecer com um joelho machucado é algo comum, pois as crianças são muito ativas e nem sempre tão cuidadosas. Porém, se o fato acontece com frequência, os pais devem avaliar o motivo. Não é normal que a criança apareça todos os dias com algum ferimento, arranhão, corte ou hematoma novo. Além disso, muitas vezes, as explicações não são convincentes, sendo necessária uma atenção redobrada.

3. Isolamento dos amigos

A vítima começa a ficar isolada dos colegas com que sempre gostava de brincar. Ela evita praticar suas atividades extracurriculares ou mesmo sair de casa e sempre apresenta um motivo para estar perto dos adultos. Isso ocorre devido à segurança que os pais ou professores passam. A criança sabe que, perto dos mais velhos, seus agressores evitarão implicar.

4. Material escolar e uniforme deteriorados

Se seu filho perde constantemente objetos escolares, chega com os cadernos e livros estragados e o uniforme rasgado, isso é um sinal de alerta. Ele pode estar sofrendo extorsão e tendo seu material furtado.

Além disso, a roupa com rasgos indica que houve uma briga no caminho ou, no mínimo, alguma queda. Ou seja, pode ser um acidente, mas também pode ser alguma agressão física que seu filho sofreu.

5. Tristeza e choro sem motivo aparente

Se a criança sempre foi animada, mas passa a chorar e ficar triste aparentemente sem razão, algo está acontecendo. Em casos de perda de familiares, transição escolar, mudanças de cidade ou de ambiente cotidiano, é comum haver um período de adaptação. Porém, se tudo está normal na rotina da família e mesmo assim seu filho apresenta esse quadro, esteja atento.

6. Baixa autoestima

A vítima do bullying passa a apresentar falta de autoconfiança. Ela não se valoriza e pode começar a dizer frequentemente que não é inteligente, que é fraca e incapaz. Ela não consegue confiar em suas próprias habilidades para resolver seus problemas. Isso ocorre porque ela não se vê como forte o suficiente para evitar os valentões. Logo, pensa que esse fato será refletido em todas as outras áreas de sua vida.

7. Irritabilidade e agressividade

Ter ataques de impulsividade, agressividade e raiva é algo preocupante — em especial se a criança sempre se mostrou calma e tranquila. Casos em que ela bate em si mesma, nos irmãos ou pais e atira objetos podem indicar um alto nível de estresse. Se a criança precisa externar de forma hostil o que está sentindo, significa que está guardando uma carga muito pesada de sentimentos reprimidos.

8. Dores de cabeça ou de barriga constantes.

Apresentar dores de cabeça ou de barriga com frequência indica que algo não está bem com seu filho. Isso pode ser devido a um fator fisiológico ou psicológico. Em todos os casos, a primeira medida é levá-lo ao médico e, se tudo estiver normal com o organismo, é hora de prestar atenção no emocional da criança.

9. Apetite anormal

Todos os extremos são prejudiciais. Caso seu filho apresente fome muito intensa depois de voltar da escola, isso pode indicar que ele teve seu lanche ou dinheiro para a refeição roubados. Em casos de apresentar falta de apetite, isso indica que algo está preocupando e entristecendo o pequeno.

10. Queda no desempenho escolar

Devido ao medo de retornar à escola, a criança acaba faltando a muitas aulas. Além disso, ela pode ficar distraída ou inquieta durante a explicação do professor. Isso será refletido em suas notas, no cuidado com a letra no caderno e no desempenho em geral.

Determinados sinais da lista podem ocorrer em situações isoladas. Uma hora ou outra seu filho pode ter dor de cabeça ou estar irritado. Porém, a criança que apresentar muitos dos sintomas relatados deve ser avaliada com atenção. Verifique sempre o estado físico da criança, a integridade de seu uniforme e de seus materiais escolares.

O que leva a vítima ao silêncio?

Eventualmente, é possível que a criança tenha brigas ou discussões na escola. Como são situações isoladas, isso não é caracterizado por bullying. Porém, pode evoluir para esse cenário se o caso for repetitivo e estiver ocasionando os sinais listados, como insegurança, tristeza e falta de vontade de retornar para o ambiente escolar.

É comum que o alvo da agressão fique calado. É isso o que nos diz a publicação “Violência escolar e bullying: relatório sobre a situação mundial“, feita pela ONU. De acordo com o documento, 30% das vítimas não contam para ninguém e 30% só relatam que sofreram bullying a amigos ou irmãos.

Isso ocorre por receio de parecerem covardes ou dependentes dos pais e professores. Também pode acontecer por ameaças dos agressores. Com isso, as crianças ficam amedrontadas com a possibilidade de retaliação.

Há casos em que a vítima teme ser considerada frágil pela família e não sente que ali é um ambiente de apoio. Ainda, quando há sintomas de baixa autoestima, ela pode sentir que merece receber os apelidos mal-intencionados. Assim, a violência acaba não sendo comunicada a um adulto.

Como e por que o bullying acontece?

Muitos são os gatilhos para as situações de bullying. Na publicação da ONU, o órgão relaciona os principais desencadeadores da violência:

  • aparência física;
  • gênero e orientação sexual;
  • etnia ou nacionalidade;
  • outros, incluindo religião e situação socioeconômica.

Há, ainda, as causas subjacentes do problema — isto é, menos aparentes e mais profundas. É o caso, por exemplo, de bullying contra meninas com um fundo de sexismo, mais latente em especial por causa da cultura de violência contra a mulher que ainda faz parte da sociedade.

Não é à toa que, conforme a publicação da ONU, as adolescentes do sexo feminino são mais propensas a sofrerem bullying associado a abusos sexuais, incluindo o compartilhamento de imagens íntimas e o assédio físico.

Agora, ao contrário do que podemos pensar, o bullying não acontece só quando há agressões físicas. Na verdade, o problema ocorre de muitas maneiras e normalmente elas se sobrepõem. Veja algumas delas!

Bullying físico

Aquelas cenas dos filmes americanos que mostram os valentões prendendo os “nerds” dentro do armário ou empurrando-os no corredor são exemplos de bullying físico. Nessas situações, o agressor pode bater, morder, roubar, isolar ou prender a vítima em algum lugar, por exemplo.

Bullying verbal

As consequências do bullying escolar podem aparecer mesmo que o agressor nunca encoste o dedo na vítima. Nesse caso, ele oprime e intimida a criança ou adolescente somente com xingamentos, piadas, gozações e ameaças.

Bullying virtual

A internet faz parte do dia a dia, principalmente, dos nativos digitais, tornando-se também um território para a prática do bullying. Nesse caso, o problema é chamado de cyberbullying, o que ocorre quando a vítima sofre ameaças, gozações, fofocas, assédios e exposições no ambiente virtual — em especial nas redes sociais.

Um dos agravantes do cyberbullying é a possibilidade que os agressores têm de atuar sob perfis anônimos. Sem contar que as mensagens intimidadoras, imagens que expõem a vítima e outras formas de agressão podem ser rapidamente visualizadas por um número grande de pessoas, o que potencializa os efeitos do bullying na vida do alvo.

Quais são as consequências do bullying escolar?

Tanto as vítimas como os agressores são afetados pelo bullying, pois esse é um fenômeno bastante complexo. Abaixo, relacionamos os principais efeitos negativos.

Danos físicos

Quando o bullying envolve agressões físicas, os danos ao corpo da vítima podem se tornar significativos, principalmente quando os ataques são frequentes e prolongados. Machucados, hematomas e torções entram na lista.

Doenças psicossintomáticas

Dependendo de quão profundamente a situação afeta a vítima, ela pode apresentar doenças psicossomáticas, isto é, condições médicas decorrentes do desequilíbrio emocional. Assim, a criança ou adolescente pode ter dores, tremores, falta de ar, diarreia, náuseas etc.

Transtornos emocionais

Quando o caso leva ao aparecimento de transtornos emocionais mais graves, como ansiedade e depressão, o jovem também pode começar a praticar a automutilação e ter uma tendência maior ao consumo de álcool e drogas ilícitas.

Comprometimento do futuro

Segundo o relatório “The economic impact of school violence“, elaborado em 2010 pela ONG Plan, jovens que são vítimas de bullying se mostram duas vezes mais propensos a abandonarem a escola.

Esse comprometimento na formação diminui a capacitação para o mercado, o que leva a empregos com salários inferiores. Além disso, as vítimas de bullying têm uma tendência cinco vezes maior do que a média de terem uma ficha criminal.

Risco aumentado de suicídio

De acordo com um levantamento realizado no Reino Unido e divulgado pela Revista Veja, 1 em cada 5 vítimas de bullying já pensou em tirar a própria vida para não passar mais pela perseguição. O estudo avaliou jovens de 11 a 16 anos.

E se seu filho pratica bullying?

Também é importante observar a possibilidade de que seu filho seja aquele que pratica o bullying. Normalmente, isso ocorre por um desejo de aparentar poder, exercer domínio e criar uma imagem de que é mais forte do que os colegas.

Ao constatar isso, é importante conversar com seu filho e conscientizá-lo que a atitude é grave. Os pais devem entrar em parceria com a escola e terapeutas para entender o porquê da criança agir dessa forma e orientá-la para que isso não ocorra mais.

Entre os possíveis motivos que levam a criança a agir como bully, estão:

  • não consegue lidar com sua raiva;
  • não consegue resolver seus problemas com diálogo;
  • não tem uma visão positiva de si mesma;
  • tem necessidade de sentir que é superior;
  • tem necessidade de sentir que é mais forte.

O que também pode acontecer é a criança ou adolescente espelhar no ambiente escolar aquilo que vivencia em casa. Ou seja, torna-se um bully pois o ambiente familiar é um local de conflitos, abusos, agressões verbais ou até físicas e negligência.

Ainda, pode ocorrer um “comportamento de manada”: crianças e adolescentes passam a praticar bullying simplesmente porque é normal na escola que frequentam, na tentativa de não parecerem deslocados e, por isso, virarem alvo. Ou seja, na busca por não se tornarem vítimas, passam a agredir e humilhar os demais.

Para que você tenha uma ideia, de acordo com a última edição da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE), 20,1% dos estudantes relataram já ter praticado alguma forma de bullying. O levantamento foi feito em 2015 pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Como prevenir o bullying?

Para prevenir o bullying e evitar o agravamento desse fenômeno no ambiente escolar, algumas práticas bem-vindas são:

  • buscar instituições de ensino que prezam por ambientes inclusivos e com valores positivos, o que diminui o clima de intolerância e as chances de discriminação;
  • promover a conscientização dos impactos do bullying entre crianças e adolescentes;
  • desenvolver o potencial de liderança dos jovens para que possam contribuir com programas de prevenção à violência;
  • como família, deixar clara a posição de apoio e a abertura necessária para que as crianças e adolescentes possam se sentir confortáveis para contar caso sofram qualquer tipo de intimidação, o que garante providências mais rápidas;
  • como instituição de ensino, fornecer mecanismos de denúncia anônima para toda a comunidade escolar, além de contar com serviços de orientação e apoio psicológico para os alunos.

Além de medidas mais práticas que visam à identificação de agressores e ao acompanhamento profissional de todos os afetados pelo bullying, é importante desenvolver uma cultura de respeito mútuo. Isso parte tanto do ambiente familiar como do escolar.

O que fazer caso seja constatado bullying escolar?

Ao perceber que seu filho pode estar sendo vítima de bullying escolar, tome a frente da situação. Converse sempre com a criança e estimule para que ela se abra sem julgar ou apontar erros. Caso confirme essa situação, vá até a instituição de ensino e converse com a coordenação.

Não deixe também de conversar com os professores, porque eles vão relatar o comportamento da criança em sala de aula. Além disso, comunicando os docentes do ocorrido, eles podem estar mais atentos e, então, conversar com toda a turma para evitar as agressões.

Em alguns casos, pode ser necessário o acompanhamento de um terapeuta. Não há problema algum em pedir ajuda especializada. O importante é garantir que seu filho consiga superar essas adversidades e evitar problemas futuros em seu desenvolvimento emocional.

Do mesmo modo, se detectar que seu filho é agressor em casos de bullying escolar, mostre à criança que esse comportamento gera graves consequências na vítima. No entanto, tenha cuidado em mostrar que ela pode contar com você e procure entender a raiz do problema.

Enfim, o bullying escolar é um problema grave e que não deve ser tolerado nem negligenciado. Lembre-se de que pais e escolas devem trabalhar em conjunto para oferecer a melhor formação para os jovens, o que inclui a prevenção, a identificação e a resolução de problemas como esse.

Essas informações são muito importantes, concorda? Então, não deixe de compartilhar este post com seus amigos nas redes sociais!

Você também pode gostar