O papel fundamental da escola humana e democrática no desenvolvimento infantil

O papel fundamental da escola humana e democrática no desenvolvimento infantil
6 minutos para ler

 

Mesmo quem não acompanha muito de perto as tendências em educação pode perceber que o ensino tem mudado bastante nas últimas décadas. Basta observar as reestruturações curriculares realizadas para atender às demandas do mundo globalizado (dentre as quais se destacam, por exemplo, o ensino bilíngue e a escola integral), o uso da tecnologia em sala de aula e até as mudanças feitas no ENEM de 2009 para cá.

Nesse cenário, uma novidade que vem ganhando cada vez mais força entre as instituições de ensino do Brasil e do mundo é a democratização da educação em prol de uma escola humana. O propósito é atender às demandas e necessidades de todos, proporcionando uma formação completa para os jovens que construirão nossa sociedade nos próximos anos.

Pensando nisso, resolvemos trazer para o post de hoje as informações mais relevantes a respeito dessa transformação que vem acontecendo no ensino de crianças e adolescentes para que você fique por dentro e participe do processo! Acompanhe os próximos tópicos e faça parte da escola do futuro!

Características de uma escola humana e democrática

Democracia: essa palavra funciona para designar um tipo de gestão ou governo em que o povo é quem comanda — seja pelo sistema republicano ou em outro tipo de administração menos complexa. Vem do grego antigo, com a dēmokratía, em que o termo demos (ou povo) se une a kratos (poder). Mas como esse modelo funciona dentro das instituições de ensino? Veja só:

Gestão democrática

Na escola, o conceito de gestão democrática visa aplainar as relações entre o corpo administrativo e os outros membros da comunidade, de professores e funcionários a pais e estudantes. Isso quer dizer que as instituições que funcionam dessa forma não impõem uma hierarquia em que a administração (da qual fazem parte gestores, diretores e coordenadores, por exemplo) se sobrepõe aos outros envolvidos.

Muito pelo contrário, aliás, as relações entre todos devem ser do tipo horizontal, com as ideias ou demandas de cada um sendo ouvidas e consideradas com o mesmo zelo. Nesse cenário, o poder de decisão se divide nas mãos de muitos.

Participação da comunidade

A partir dessa forma de funcionamento mais horizontal, há também uma maior exigência de participação do restante da comunidade, já que a liderança da escola não está apenas nas mãos dos administradores. Como consequência, pais, educadores, alunos e outros envolvidos têm a todo momento a chance de construir, em conjunto, a escola que idealizam.

Por meio de assembleias, reuniões, votações e outros aparatos do sistema democrático, é possível que todos contribuam para criar uma instituição de ensino mais acolhedora, justa, coerente com seus valores e suas demandas, bem como satisfatória para a maioria, sem deixar de atender aos particulares.

Foco em pessoas

Ao ouvir as demandas de diferentes partes da escola e retirar da administração o poder típico das organizações empresariais, a gestão democrática ainda permite humanizar o funcionamento da instituição. Para tanto, desloca a escola do mundo dos negócios para garantir que ela fique onde pertence: no universo da educação e formação dos nossos futuros cidadãos.

Nesse processo, o aprendizado (tanto individual como coletivo) é constantemente priorizado em detrimento de números — que, embora positivos de longe, nem sempre representam um ensino de qualidade para todos.

Benefícios para o desenvolvimento dos alunos

Não é difícil imaginar como as crianças e os adolescentes podem ser beneficiados com uma maior participação dos pais na escola, assim como com a construção de uma educação mais democrática e humanizada, não é mesmo? Mas além dessa vantagem, que é mais evidente, os estudantes ainda ganham outras, que listamos a seguir:

Autonomia e envolvimento com a formação

No modelo de escola tradicional, o aluno tem cronograma, currículo, atividades e conteúdos previamente definidos pela instituição. Assim, ele não precisa fazer muito mais que simplesmente seguir o caminho já traçado pelos coordenadores pedagógicos, estudando o que lhe é passado e fazendo os testes e exercícios necessários para terminar cada etapa.

Em uma escola democrática e humana, por outro lado, a ideia é que o estudante participe ativamente de todo esse processo que antes era entregue pronto pela administração. Dependendo do projeto da instituição e de seu funcionamento, a participação do aluno pode ir da escolha de matérias ou conteúdos eletivos a uma atuação mais ampla, participando de assembleias e reuniões para deliberar sobre questões diversas.

Além de incentivar o desenvolvimento de um olhar mais próximo e crítico do estudante em relação ao que ele aprende na escola, essas medidas também contribuem para dar mais autonomia nos estudos. Com isso, o aluno aprende que pode direcionar seu currículo para seus próprios objetivos e interesses pessoais, consequentemente o deixando mais engajado.

Aprendizado político

Mesmo que a escola não vá tão longe a ponto de fomentar discussões em assembleia ou exigir a participação de representantes discentes nas decisões administrativas e pedagógicas, simplesmente ao incentivar o compartilhamento das opiniões e demandas do restante da comunidade, a instituição já realiza um aprendizado político essencial para os alunos.

Afinal, assim eles aprendem que, em uma democracia, devem observar de perto as decisões que o afetarão — direta ou indiretamente. Além do mais, entendem que não só podem como devem se fazer ouvir quando não estão de acordo, trabalhando para chegar a um consenso que satisfaça a maioria.

Convivência com a pluralidade

Na escola humana e democrática, a voz de cada membro da comunidade é ouvida a fim de encontrar acordos que favoreçam a maioria, sem prejudicar casos especiais. Por isso, não é de se estranhar que o estudante precise aprender a tolerar opiniões diferentes das suas, ainda mais quando a decisão mais popular não condiz com o que pensa.

Em um ambiente assim, é por meio do debate entre iguais que se consegue convencer a maioria de seu próprio ponto de vista ou, por outro lado, deixar-se convencer, aceitando o que for votado ainda que seja o contrário do que gostaria enquanto indivíduo.

Debater, argumentar, ouvir o outro e, principalmente, abraçar as diferenças e aceitar a derrota quando se é voto vencido são aprendizados cruciais na vida de qualquer criança ou adolescente. E quando essas habilidades fazem parte da prática cotidiana da escola, não há dúvidas de que dali sairão cidadãos muito mais conscientes e tolerantes.

E então, pensando em matricular seu filho em uma escola desse tipo? Aproveite para ler também nosso post sobre como escolher a melhor escola para a educação infantil e tire suas dúvidas!

 

Você também pode gostar