Entenda como funciona uma escola construtivista
Escola construtivista, comportamental, freiriana, montessoriana, tradicional, Waldorf ou democrática? As opções são tantas que fica até difícil escolher qual proporcionará a melhor educação para seus filhos, preparando-os para todos os desafios que virão pela frente. Mas já parou para pensar melhor sobre cada um desses modelos?
Hoje abordaremos a linha construtivista, uma das que mais se desenvolveu no Brasil e em diversos outros países ocidentais nas últimas décadas, prometendo acabar com toda a decoreba e a rigidez das escolas tradicionais. Que tal aprender sobre as teorias pedagógicas que apoiam a escola construtivista? Aproveite e confira como tudo isso é colocado em prática no dia a dia dos alunos e quais as críticas que essa escola recebe! Acompanhe:
No que consiste o construtivismo?
O construtivismo é uma linha pedagógica que defende que o conhecimento e o saber não devem ser passados prontos do professor para o aluno. Muito pelo contrário, devem ser construídos pelo estudante por meio da exposição de situações, formulações de hipóteses e atividades interativas. A ideia é que o jovem seja colocado em um ambiente estimulante e criativo, para que possa desenvolver sua própria linha de raciocínio a fim de desvendar e explicar os acontecimentos do mundo.
E quem criou o método?
O construtivismo se baseia nas ideias do famoso psicólogo suíço Jean Piaget, considerado uma das maiores autoridades em relação ao funcionamento da inteligência e ao processo de aquisição de conhecimento. Piaget defende que, uma vez colocada em um ambiente estimulante, a criança consegue aprender por meio de lógicas próprias, diferentes das dos adultos.
Mas por mais que essa seja a base do construtivismo, a linha pedagógica que começou a aplicar essa teoria nas escolas (principalmente no processo de alfabetização) só se estabeleceu anos depois. Mas o mérito não é todo de Piaget! O construtivismo também sofreu influência das ideias de Emilia Ferreiro, psicóloga argentina que foi aluna de Piaget, e de Lev Vygotsky, educador russo que defendeu o conceito da zona de desenvolvimento proximal (que corresponde a tudo o que a criança pode aprender naquele momento, desde que receba o suporte educacional adequado).
Quando o construtivismo chegou ao Brasil?
A linha pedagógica construtivista se estabeleceu por volta da década de 1970, disseminando-se pela América Latina e chegando ao Brasil na década seguinte. Fortaleceu-se primeiramente no ciclo básico de escolas de São Paulo e de Porto Alegre.
Como é o dia a dia em sala?
Na escola construtivista, cada sala de aula conta com poucos alunos, proporcionando que o professor possa conhecer bem cada criança e acompanhar sua evolução de aprendizado, fazendo intervenções sempre que necessário. Mas por mais que intervenha, a principal função do professor é motivar as atividades e não impô-las, buscando incentivar a individualidade de cada aluno e explorá-la para o enriquecimento de todo o grupo. Dessa forma, as crianças participam ativamente de todas as discussões, expondo opiniões e dúvidas sobre os temas. Além do mais, o construtivismo defende a organização da escola em ciclos e não em séries, como a escola tradicional.
Qual o papel do professor no construtivismo?
Na escola construtivista, o professor deixa de ser a pessoa que detém todo o conhecimento, não desempenhando, assim, a função de transmitir esse saber aos alunos. No construtivismo, o educador tem o papel de estimular os estudantes, instigando discussões e debates sobre situações cotidianas compatíveis com qualquer que seja sua realidade, estimulando indiretamente o desenvolvimento de suas habilidades.
Na alfabetização, por exemplo, o professor não ensinará diretamente à criança que as letras formam as sílabas que formam, então, as palavras. Na verdade, o profissional colocará o aluno em contato com tudo isso de forma interativa e prática, enfatizando a escrita para que, no seu tempo, a criança construa um raciocínio lógico próprio para explicar a estrutura das palavras.
Onde entram as provas?
Idealmente, o construtivismo não aplica provas, já que o aluno demonstra seu conhecimento à medida que constrói seu raciocínio em sala de aula, sendo avaliado de forma contínua. No entanto, na prática escolar moderna, muitas escolas acabaram tendo que se aproximar aos métodos tradicionais, criando versões de avaliações adaptadas que levem em conta os parâmetros valorizados pela teoria construtivista.
Como o erro é visto na escola construtivista?
Na visão construtivista, o erro é considerado um trampolim para o aprendizado e não uma falha ou deficiência do aluno. Não se aplica, portanto, a perspectiva de censura para a criança que erra, enxergando o ocorrido como uma situação de aprendizagem. Por meio das falhas, é possível rever a atividade de forma a estimular o estudante a se corrigir.
Existe reprovação nesse método?
Quando se observa que o progresso do aluno está atrasado em relação ao da turma, passar para o ano seguinte poderia piorar ainda mais sua evolução, já que o colocaria em um ambiente com o qual ele ainda não está pronto para lidar, então a reprovação é uma possibilidade na escola construtivista. De toda forma, a reprovação não é vista de forma negativa, como uma comprovação de despreparo ou de inabilidade intrínseca da criança, mas de forma mais natural, como reflexo natural de uma má adaptação.
Esses alunos passam no ENEM e no vestibular?
Essa é a grande preocupação de muitos pais que conhecem a escola construtivista. Embora a teoria seja muito bonita, na prática, o construtivismo acaba destoando do sistema educacional dominante, que valoriza as provas e as notas e se utiliza de tais métodos para decidir o acesso a universidades e empregos. De fato, o aluno que recebeu uma educação construtivista não está acostumado com tais avaliações. Assim, por mais que desenvolva autonomia para buscar todo o conhecimento que deseja para atingir seus objetivos dentre os recursos disponíveis, pode sim ter um desempenho mais modesto.
Quais as críticas recebidas pelas escolas construtivistas?
Muitas pessoas questionam se o construtivismo consegue ser válido e aplicável em uma sociedade que, muitas vezes, valoriza mais o conhecimento sobre o raciocínio lógico, fazendo com que avaliações desse tipo determinem a entrada na faculdade ou a conquista de um emprego. Infelizmente, ainda não existam muitos dados oficiais comparando o desempenho de alunos de escolas construtivistas aos de escolas tradicionais, o que daria fim a essa dúvida.
Além disso, o construtivismo depende de um preparo específico dos professores, o que ainda é muito precário nas faculdades de licenciatura pelo país afora. Muitas vezes, portanto, os alunos acabam ficando meio soltos dentro da sala de aula, livres para realizarem quaisquer atividades que quiserem, sem muita orientação do educador. É preciso averiguar se isso não é consequência da falta de um plano pedagógico devidamente estruturado, fazendo com que os alunos não evoluam nos processos da forma idealizada pelos criadores do método.
Agora nos conte aqui se ainda ficou com alguma dúvida sobre o ensino construtivista! Comente e divida seus questionamentos e suas impressões conosco!