Discalculia: tudo o que você precisa saber sobre esse transtorno de aprendizagem

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Identificar dificuldades de aprendizado é um desafio para as famílias e para os educadores. Algumas delas são enfrentadas pelos estudantes ainda no começo da fase escolar e podem representar transtornos que se manifestarão e trarão impactos em atividades simples do cotidiano ao longo da vida. A discalculia é uma dessas dificuldades.

Basicamente, a discalculia é um transtorno de aprendizagem caracterizado por dificuldades significativas com a matemática.

Sabemos da importância dos números no nosso dia a dia. De uma simples compra no mercado até o preparo de uma receita, somos frequentemente colocados diante de situações em que precisamos manejar conceitos e símbolos matemáticos. Daí vem a necessidade do diagnóstico precoce e do acompanhamento pedagógico do aluno com discalculia para mitigar os impactos desse transtorno de aprendizagem em várias esferas da vida.

Quais são os sintomas e como é feito o diagnóstico da discalculia?

De modo geral, a discalculia é identificada nos primeiros anos escolares, quando os números são introduzidos na vida da criança e ela apresenta dificuldades e desconforto ao lidar com eles.

No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mentais (DSM-5), documento criado pela Associação Americana de Psiquiatria (APA) para padronizar critérios diagnósticos das desordens que afetam a mente e as emoções, a discalculia pode ser classificada como leve, moderada ou grave, afetando de 3% a 6% da população mundial.

Segundo o manual, há quatro critérios a serem preenchidos para fechar um diagnóstico de discalculia:

  1. Dificuldades evidentes e persistentes com cálculos aritméticos e raciocínio matemático que interfiram na vida da pessoa.
  2. As habilidades acadêmicas do aluno são afetadas, deixando-o sempre abaixo da média para a idade.
  3. Na maioria das pessoas com discalculia, as dificuldades de aprendizagem apresentam-se pronta e claramente nos primeiros anos da vida escolar, embora em poucos casos possa aparecer mais tarde, conforme a complexidade de trabalho com os números aumente.
  4. Tais dificuldades de aprendizagem devem ser consideradas específicas. Elas não são atribuíveis a atraso global do desenvolvimento, deficiências auditivas ou visuais, ou ainda a problemas neurológicos ou motores.

Vale destacar que, por mais que professores e pais reconheçam alguns sintomas, apenas um psicólogo, psiquiatra ou neuropsicólogo podem aplicar testes para dar um diagnóstico preciso. 

Os testes avaliam aspectos como: a dificuldade para contar e realizar cálculos mentais, problemas com a memória operacional e a memória de curto prazo, dificuldade para concentração e foco, problemas com a percepção e reconhecimento de símbolos matemáticos, erros em operações matemáticas, dificuldade de lidar com grandes quantidades e entender problemas matemáticos complexos, e lentidão extrema para a resolução de problemas matemáticos.

Dislexia X Discalculia

Além da discalculia, há outros transtornos de aprendizado específicos, como a dislexia e a disortografia.

Vimos que a discalculia está relacionada à dificuldade com números e conceitos matemáticos. A pessoa com dislexia tem dificuldades com leitura e a pessoa com disortografia tem problemas com a expressão escrita.

É importante conhecer essas diferenças porque a matemática não é um componente curricular que trabalha exclusivamente com símbolos e números. Há conceitos e enunciados envolvidos, e é por isso que os especialistas costumam dividir a discalculia em alguns tipos:

  • Discalculia verbal: quando a ênfase é na dificuldade em passar para o papel símbolos e operações que aparecem verbalmente. Pode se manifestar também como a dificuldade de falar sobre as operações que foram realizadas.
  • Discalculia léxica: caracteriza-se pela dificuldade na leitura e na interpretação de símbolos e operações matemáticas.
  • Discalculia gráfica: aqui o problema é na hora de representação dos símbolos de forma escrita.
  • Discalculia practognóstica: é quando a pessoa não consegue aplicar a matemática de forma prática.
  • Discalculia ideognóstica: fazer contas de cabeça é extremamente difícil para quem tem discalculia ideognóstica.

Como estimular as crianças com discalculia

É importante salientar que não existe cura para a discalculia, mas o acompanhamento cuidadoso dos profissionais da educação e da neuropsicologia trará uma série de benefícios à pessoa diagnosticada, melhorando seu desempenho escolar e sua capacidade de lidar com os desafios matemáticos no dia a dia.

Os alunos diagnosticados com discalculia precisam de um ambiente inclusivo e seguro, em que possam ser estimulados a trabalhar com números e símbolos sem receios. Conforme avancem as fases escolares, é conveniente apresentá-los a cálculos de dificuldade moderada e resolução de problemas e equações que os ajudem a desenvolver técnicas pessoais para exercitar o cérebro e superar as dificuldades. O trabalho em parceria entre a família, a escola e os profissionais que acompanham o tratamento é extremamente benéfico para o pleno desenvolvimento da criança e do jovem com discalculia.

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