Atividades de arte para a educação: qual a importância?
Que pais não desejam para os filhos um futuro repleto de sucesso, alegrias e realizações? Evidentemente, dependendo do estilo da família, os significados das palavras sucesso, alegrias e realizações podem variar muito. O que não varia, porém, é a intenção de sempre proporcionar aos pequenos as melhores e mais adequadas oportunidades de alcançar o máximo de seu potencial.
Vivendo em um mundo cada vez mais tecnológico e pragmático, quando falam sobre sucesso, pais mais focados em oferecer instrumentos para o futuro profissional dos filhos podem considerar que as artes, em suas mais variadas formas, são perda de tempo ou até desperdício de energia intelectual. Assim, acabam sendo tratadas como puro e simples lazer ou algo a ser apreciado e vivenciado apenas quando não houver nada considerado mais importante a fazer.
Essa visão, no entanto, é fortemente refutada tanto por estudos como pela própria prática escolar. Ler livros, participar de momentos de contação de histórias, conhecer obras de artes plásticas e trabalhar diferentes formas de criação (que vão desde a pintura e a escultura, passando pelo artesanato até chagar ao canto e à dança) são todas atividades que devem sim fazer parte do cotidiano das crianças. Isso, claro, se a intenção é prepará-las para o mundo! Que tal se aprofundar mais no vasto universo das atividades de arte para a educação, entendendo sua real importância para o desenvolvimento de seus filhos? Então fique de olho:
Contextualizando a evolução
Até recentemente, muitas instituições educacionais sequer se preocupavam com o assunto em suas grades disciplinares. Apenas em 2010, a lei de diretrizes e bases da educação nacional passou a incluir o ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, como obrigatório para o Ensino Fundamental e para o Ensino Médio. Até então, no momento em que saíam da pré-escola, os alunos praticamente não tinham mais contato com as artes no âmbito escolar!
Com a modificação na legislação brasileira e a tendência lançada pela educação integral, com as crianças passando o dia nas escolas, essa parte tão importante do desenvolvimento está mais garantida. O contato com a arte, porém, fica ainda mais rico quando conta com a participação dos pais. Um estudo realizado em 2013 pelas universidades Open e Oxford, do Reino Unido, demonstrou que o engajamento com atividades artísticas ajudam crianças de todas as idades a ficarem mais felizes, além de contribuir com o desenvolvimento das habilidades cognitivas e sociais.
O mesmo estudo também demonstrou que, por outro lado, atividades passivas, como apenas folhear livros ilustrados ou ver TV, mesmo que sejam programas educativos, não produzem benefícios perceptíveis. Tendo acompanhado por 4 anos 800 casais com filhos entre 2 e 3 anos de idade, os pesquisadores listaram pintura, desenho e artesanato como as melhores maneiras de acelerar o desenvolvimento da coordenação motora das crianças e de incentivar a criatividade. Cantar e dançar ajudam na desinibição, enquanto contar histórias e ler livros em grupo ou em família melhora o desenvolvimento da fala e da conversação. Ao atiçar as emoções, a arte ajuda não apenas no desenvolvimento cognitivo como também no equilíbrio emocional.
Abrindo os caminhos
Mesmo que o contato dos primeiros anos escolares não revele um novo talento artístico para o mundo, os benefícios da continuação desses estudos são inegáveis. Ainda que não venha a ganhar a vida com isso, um indivíduo capaz de se expressar de diferentes formas (seja tocando um instrumento, pintando, desenhando, esculpindo, escrevendo ou compondo) também é capaz de enxergar o mundo por diferentes ângulos, compreender diferentes realidades e ter criatividade para resolver problemas e buscar soluções em qualquer área da vida.
Também o interesse pela busca de mais conhecimento sobre a história da arte permite que o aluno tenha curiosidade sobre a história em si, conseguindo assim ter uma visão mais abrangente da realidade. A arte, aliás, provoca que se olhe além da realidade. Por meio dela, aprendemos a observar e explorar mais o que nos cerca, buscando autoconhecimento e valorizando a intuição e os sentimentos.
Segundo a mestre em educação Rosa Amélia Barbosa, a presença da arte na sala de aula tem o papel de proporcionar a reflexão a fim de se repensar os caminhos percorridos e a história. “Somos homens do século XXI e, portanto, devemos estar aptos a pensar, a sentir e a agir; e a arte cumpre com excelência essa função”, observa ela em artigo publicado em 2013. “Estando conscientes do que somos e da nossa dimensão no mundo, poderemos agir de forma criativa, e não destrutiva, em relação aos outros e ao planeta.”
Misturando os processos
Hoje, o ensino das artes nas escolas mistura produção, reflexão e apreciação de obras artísticas. De acordo com os parâmetros curriculares nacionais, é papel da escola “ensinar a produção histórica e social da arte e, ao mesmo tempo, garantir ao aluno a liberdade de imaginar e edificar propostas artísticas pessoais ou grupais com base em intenções próprias”.
Na produção, o aluno pode testar, conhecer e escolher diferentes cores, formatos, gestos, movimentos corporais e sons. Na apreciação, dá-se o aumento do repertório e a construção do conhecimento por meio de visitas a instituições culturais, teatros e espaços culturais. Isso desenvolve o pensamento crítico em relação às artes. A reflexão é um complemento da apreciação, com o estudante analisando o que viu e ouviu.
Segundo as orientações curriculares da prefeitura de São Paulo, ao fim do 5º ano, os alunos devem ser capazes de, entre outros itens, reconhecer características expressivas das artes visuais e musicais, reconhecer diferentes ritmos musicais, criar manifestações e produções de artes visuais, criar diferentes gestos com base em danças vivenciadas, improvisar cenas teatrais com os colegas (sabendo ouvir e esperar a hora de falar) e compreender que as manifestações e produções culturais fazem parte do patrimônio cultural das pessoas. Ao fim do 9º ano, espera-se que os estudantes saibam, entre outros pontos, perceber as pequenas variações dos elementos da linguagem visual, identificar e valorizar os autores dos objetos culturais e reconhecer diferentes ritmos musicais.
Como a arte não costuma ser vista como tarefa ou obrigação, o processo de aprendizado acaba se dando naturalmente, sem esforço aparente. E isso vai ao encontro do que prega o sociólogo italiano Domenico de Masi: o ócio criativo. Segundo de Masi, “aquele que é mestre na arte de viver faz pouca distinção entre seu trabalho e o tempo livre. Distingue uma coisa da outra com dificuldade. Almeja, simplesmente, a excelência em qualquer coisa que faça, deixando aos demais a tarefa de decidir se está trabalhando ou se divertindo”.
E então, pronto para deixar as crianças se divertirem? Viu só como as atividades de arte para a educação são capazes de expandir sua visão de mundo? E como no período integral seus filhos terão muito mais chances de vivenciar tudo isso, que tal aprender mais sobre esse modelo de educação? Então aproveite para conferir suas maiores vantagens!